O papel dos homens em prol da equidade de gênero é facilmente deixado lado, pois as pessoas têm o pressuposto de que equidade gênero, diversidade, inclusão e temas semelhantes dizem respeito às mulheres e pessoas de grupos minoritários. Surpreendentemente, não é apenas boa parte dos homens que possuem esse mindset, mas também boa parte das próprias mulheres. No entanto, nada poderia estar mais longe da verdade. Os homens, como veremos ao longo desse texto, tem um papel fundamental na construção e continuidade da equidade de gênero, tanto no local de trabalho como na sociedade como um todo.
Para engajarmos os homens em prol da equidade de gênero, é necessário que eles tragam à sua própria consciência de que já nascem privilegiados, principalmente os homens brancos. Isso decorre do sistema patriarcal, cujas raízes podemos ver desde os primórdios da civilização, onde o poder e a autoridade eram detidos apenas pelos homens. De acordo com o ativista pró-diversidade Gonzalo Montano, da Pro-International.org, o sistema patriarcal foi o responsável por colocar o homem no centro do universo, favorecendo-o e deixando as mulheres de lado. Além disso, o fato é que muitos homens sequer são conscientes dos privilégios que possuem decorrentes do patriarcado, simplesmente porque sempre se beneficiaram dele. Portanto, um dos primeiros passos a ser tomado pelos homens é a conscientização sobre o patriarcado e um posicionamento contrário a esse sistema.
Em segundo lugar, é necessário que os homens façam um esforço consciente, diário e solidário em relação as mulheres, ajudando e incentivando-as a se posicionar contra o sexismo, o patriarcado e a visão de mundo misógina que é predominante, de modo que o acesso das mulheres as mesmas liberdades, mesmo respeito e mesma liderança seja facilitado. Aliado a isso, os homens também devem se posicionar contra a masculinidade tóxica que ainda é vista em boa parte da nossa sociedade, inclusive no ambiente corporativo. Elementos dessa masculinidade tóxica são: padrões antigos de uma suposta masculinidade onde homens não podem chorar, não podem demonstrar fraqueza e tampouco cometer erros. Essa masculinidade tóxica contribuiu apenas para altos níveis que estresse entre os homens, que afeta negativamente os homens em seus relacionamentos pessoais e profissionais.
Em terceiro e último lugar, os homens precisam assumir a visão da interseccionalidade. Um tema fundamental para contribuirmos com o avanço não apenas da equidade de gênero, mas também da diversidade e inclusão, é a interseccionalidade. Ela ocorre quando uma pessoa pertence a duas ou mais categorias que são estereotipadas com frequência, sendo alvo dos vieses inconscientes que operam na mente das pessoas. As mulheres, por exemplo, são prejudicadas por conta da falta de igualdade em relação aos homens. No entanto, uma mulher negra e homossexual será muito mais prejudicada, pois o preconceito contra ela é três vezes maior. Os homens precisam ter voz ativa contra toda e qualquer repressão e preconceito que pessoas de grupos minoritários sofrem, principalmente quando essas pessoas sofrem por pertencerem a mais de um grupo minoritário.
Portanto, sem o engajamento dos homens, o avanço em prol de uma sociedade igualitária, justa, inclusiva e diversa se torna muito mais demorado e difícil. Desde nosso primeiro evento em prol da equidade de gênero, o Fórum Mulheres em Destaque, a CKZ Diversidade vem ressaltando da importância de trazermos os homens para essa conversa. Somente com o apoio deles podemos verdadeiramente prosseguir.
Para finalizar este artigo, assista ao vídeo abaixo sobre os Países com Maior Equidade de Gênero no Mundo, e veja por que eles conquistaram essa posição e o que podemos aprender com eles.
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